A alma humana anseia ser compreendida em sua singularidade. Para isso, deixa pequenas frestas, mas só entra aquele capaz de encontrá-la, sem julgamentos ou preconceitos, em sua mais pura essência.
terça-feira, 11 de junho de 2013
"Como nossos pais"
Não quero lhe falar,
Meu grande amor,
Das coisas que aprendi
Nos discos...
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa...
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens...
Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço,
O seu lábio e a sua voz...
Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva
Do meu coração...
Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais...
Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando...
Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem...
Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo,
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...
Composição: Belchior
segunda-feira, 3 de junho de 2013
A Espera
Datas especiais sempre geram expectativa. Pode ser natal, dia das mães, aniversário de gente querida. Mas tem também aquela comemoração que é só nossa, aquele dia que parece ter sido feito pra você, com direito a dar bom dia pras plantas e sorrir pra gente desconhecida na rua. Esses são os melhores. Você acorda e começa a se lembrar de todos os planos que tinha feito, cada detalhe muito bem preparado e aguardando a chegada do personagem principal da peça.
Está tudo pronto, mas ele não chega. O relógio para, mas o tempo continua passando e cada instante de espera aumenta ainda mais a aflição. Por que tanta demora? Aconteceu alguma coisa? Mas está tudo bem. Ninguém vem. Ninguém explica.
E assim, sem saber o motivo da falta, você muda de assunto. Uma vez, duas, dez... E para de contar, afinal, internamente você já sabe o desfecho dessa história. Sabe que esperar é em vão. Desiste.
Os anos passam, pessoas vem e vão, mas o sentimento que ficou de cada uma insiste em ficar e cada situação parece preceder uma fuga silenciosa. Um medo constante de se tornar a mesma insignificância de outrora. É uma nova roupa pra um corpo velho.
Até que você percebe que já não consegue imaginar nada que perdure. É sempre vago, sempre fugaz, sempre momentâneo. E pra se proteger de mais uma ausência, deixa de mergulhar nas coisas boas que a vida traz, não explora, não escava. Fica raso, superficial e vazio... E deixa de sentir.
Assinar:
Postagens (Atom)